A minha alma tem sede do Deus vivo!
Tenho muitas graças a dar-te hoje,
sinto-me como Maria Madalena acolhida por muito procurar o Amor!
Maria Madalena, quando chegou ao sepulcro e não encontrou lá o corpo do Senhor, julgou que alguém O tinha levado e foi avisar os discípulos.
Estes vieram também ao sepulcro, viram e acreditaram no que essa mulher lhes dissera. Destes está escrito logo a seguir: E regressaram os discípulos para sua casa.
E depois acrescenta-se: Maria, porém, estava cá fora, junto do sepulcro, a chorar.
Estes factos levam-nos a considerar a grandeza do amor que inflamava a alma desta mulher, que não se afastava do sepulcro do Senhor, mesmo depois de se terem afastado os discípulos.
Procurava a quem não encontrava, chorava enquanto buscava e, abrasada no fogo do amor, sentia a ardente saudade d’Aquele que pensava ter-lhe sido roubado. Por isso, só ela O viu então, porque só ela ficou a procurá-l’O.
Na verdade, a eficácia das boas obras está na perseverança, como afirma também a voz da Verdade:
Quem perseverar até ao fim será salvo.
Começou a buscar e não encontrou; continuou a procurar e finalmente encontrou.
Os desejos foram aumentando com a espera e fizeram que chegasse a encontrar.
Porque os desejos santos crescem com a demora; mas os que esfriam com a dilação não são desejos autênticos.
Todas as pessoas que chegaram à verdade, conseguiram-no porque lhe dedicaram um amor ardente.
Por isso afirmou David: A minha alma tem sede do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus?
Por isso também diz a Igreja no Cântico dos Cânticos: Estou ferida pelo amor.
E ainda: A minha alma desfalece.
Mulher, porque choras? Quem procuras?
É interrogada sobre a causa da sua dor, para que aumente o seu desejo e, ao mencionar ela o nome de quem procurava, mais se inflame no amor que Lhe tem.
Disse-lhe Jesus: Maria! Depois de a ter tratado pelo nome comum de «mulher», sem que ela O tenha reconhecido, chamou-a pelo nome próprio.
Foi como se lhe dissesse abertamente: «Reconhece Aquele que te conhece a ti.
Não é de modo genérico que te conheço, mas pessoalmente».
Por isso Maria, ao ser chamada pelo seu nome, reconhece quem lhe falou; e imediatamente lhe chama «Rabbúni», isto é, «Mestre».
Era Ele a quem procurava externamente e era Ele quem a ensinava interiormente a procurá-l’O.
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